segunda-feira, 24 de março de 2008

Nostalgia


Nostalgia sf 1. Sofrimento por pessoa ou coisa ausente, perdida. 2. Saudade


Ela não queria escrever, fazia dias que não tinha vontade ou idéia. Então acabava não fazendo nada, porque era só isso que ela fazia, escrevia. Portanto, estava entediada. Constantemente entediada. Diariamente entediada. Num tédio que ninguém conseguia concertar. E hoje ela também não queria escrever. Só queria pensar e ouvir musica. Blur conseguia ser perfeitamente melancólico para aquele dia.

Havia passado o dia lembrando. Lembrando da época do ensino médio, dos amigos, do aniversário no sábado e da sessão pipoca do domingo. Do amigo, do ex-ficante e de todos os outros garotos que já haviam passado. Ficou feliz por não estar gostando de ninguém, sentia-se mais confortável assim, mais ela. Mas sentiu saudade daquele sentimento, daquele aperto no peito e de ter alguém para pensar quando estava sozinha.

Pensou na amiga, que estava longe, e sentiu uma enorme vontade de ligar pra ela, mas era segunda e interurbano é caro. (Re)Lembrou o telefone da casa dos pais dela (ainda tinha ele decorado na cabeça) e lembrou que em menos de três semanas elas estavam juntas. E agora não estão mais.

Passou o dia lembrando. Relembrando. Vivendo. Revivendo. E assistindo várias e várias vezes o filme da sua vida em sua cabeça.

Ela tem uma péssima memória, pelo menos para as coisas com menos de dois anos. Tudo vira neblina e se confunde em sua cabeça, não se lembra de como era ser criança. Mas os últimos dois anos ainda estão frescos e ela os fica passando.

Ela quer um abraço. Mas não um abraço qualquer. Um abraço dela, em uma praia perfeitamente imperfeita, sujas de areia e molhadas de água salgada. Um dia ela consegue esse abraço.

5 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

aí. fui ler meu horóscopo ele disse que eu tenho mania de pretérito e realmente ... é mesmo.
agora leio isso hahah.
aiai
é bom lembrar do aperto no peito , ele aperta de novo né?

;*
bjo vê.

rayza. disse...

eu preciso desse abraço.
me cito numa nota escrita durante as férias: "é estranho como a gente às vezes sente tanta falta de alguém que tudo que quer é apertar a pessoa por horas, só pra senti-la mais perto, e quando finalmente a reencontramos, um simples olhar é mais forte do que qualquer abraço."

queria me lembrar das coisas que fiz e sentir-me bem como vc, queria ter certeza de quem sou, queria me sentir completa em mim, queria tanto, tanto, tanto me aprovar.

Anne Nascimento disse...

Bom, eu adoro nostalgia, adoro pensar em coisas que passaram. Adoro, adoro, adoro.

e quanto mais eu penso que o passado não volta, mas ele aparece pra calar minha boca =*

Anônimo disse...

Abraços são coisas importantes. Algumas vezes, converti minha timidez inteira em coragem e disse para um desconhecido que tinha certeza que ele precisava de um abraço. E ele aceitou. Precisava mesmo.
Hoje fazia um calor absurdo no Rio de Janeiro. Calor carioca é coisa de louco! E eu estava em casa. E começou a chover. E a chuva me deixa absurdamente nostálgica. Nostalgiei tanto que fiquei triste e fiquei feliz por coisas que não aconteceram comigo. Por gente desconhecida que não sabe quem sou. Essas coisas esquisitas. E eu fiquei lembrando de muita gente, de situações, de músicas, de coisas que ocorreram e sabe… Dá aquela ponta de saudade. Quase chorei de saudade. Aí eu coloquei aquela música de fossa (engraçado que parece que todo mundo está escutando música de fossa hoje). Aí eu fui olhar meus e-maiils e apareceu uma amiga… a Ana, a… A mineirinha! Caramba, faz tanto tempo que eu não falo com ela. Saudades absurdas.

Eu lembrei de um dia em que eu acordei às seis da manhã e saí de casa às sete. Sumi pelo dia inteiro. Fui pra praia de manhã e fazia um dia frio. E eu tô falando desse dia pra todo mundo, menina. Eu fui pra praia e sentei. Fiquei olhando o mar. A areia parecia fofa. E nesse dia eu conheci o Marcelo. Marcelo é um bonitão que tem uma filha que mora em Santa Catarina e que é professor. Ele disse que se envolveu com uma aluna e que a menina era muito porra-louca e que ele não era um tarado qualquer maluco. Ele era um hare krishna, me explicou toda a filosofia e ele falava de um jeito… De um jeito tão bonito que os seus olhos brilhavam. Ele não era um homem de bata, todo alegre e feliz. Era feliz. Mas se vestia como um membro dos Hells Angels. Era engraçado. Ele disse que estava indo comprar pão quando me conheceu e que eu fui a pessoa mais interessante que ele conheceu naqueles tempos, porque o mundo estava escroto e filho da puta demais pra aparecer alguém legal na vida dele. Usou esses termos. Nunca esquecerei dele. Nunquinha!

Tudo o que é relacionado ao céu é lindo, né? É lindo. O céu. Eu olho pra ele todos os dias da minha cama. Eu olho pra ele todos os dias quando saio de casa, vou olhando. Paro pra olhar. De repente, todo mundo parece olhar também. Eles procuram alguma coisa. Eu não.

Aconteceu comigo sim. Semana passada. E sim, foi romântico e imbecil. Foi tão romântico e foi tão imbecil que eu deixei essa minha besteira de falar dos sentimentos e de tudo que engloba eles e escrevi. Foi lindo, sabia? Lindo mesmo.

Bom,

Beijo pra ti.
:*