domingo, 5 de outubro de 2008

Para meu Primeiro Amor

(aquele que veio e passou, nasceu e morreu, mas nunca aconteceu. Amor amigo, irmão, cumpadre. Amor com e sem paixão. Doce decepção)

Momento Primeiro

Era na voz de Marisa Monte que se fazia o BG daquele amor estranho. Tarde fria de um outubro que não havia chegado, um setembro que já tinha passado, parado no tempo e no espaço. Lembranças? Não sei se tenho, revivo ou respiro. Nas memórias, a casa vazia, a chuva gelada, o silêncio, um livro, sozinhos, sozinha. Sem beijos. A piscina suja.

Momento Segundo

O vai e vem dos carros abafavam o silêncio de uma despedida, não prevista, já ensaida, e demasiadamente entristecida. Da lembrança de poucos dias, os beijos, anseios e a chuva. Mundo nosso, meu, teu e de nenhum outro. Que ficara na noite de agosto e não mais tinha espaço para as tardes de setembro, outubro, novembro. Não era o tempo. Passos largos e entristecidos de decepção. O vulto no escuro que partia e as lágrimas não derramadas de uma insensível que tinha pena, apenas isso.

Momento Terceiro

Nas palavras a verdade, sem eufemismos ou disfarces, apenas a verdade. Nua, crua, triste, dura. Proferidas sem cuidado, não para ferir, mas para alertar. Das lágrimas escondidas. Dos silêncios, terceiros, de novo. Do vento frio de uma chuva que já havia partido. Era janeiro, janeiros dos olhos, almas e espíritos perdidos, fugido. Fujo e me escondo. Corro. Adeus. Ate mais. Momento último.