Eu me pergunto para onde fui. Procuro-me pelas frestas do apartamento,
por debaixo da mesa, nos antigos diários inacabados. Só encontro pedaços daquilo
que um dia pensei ser meu. Não era. Não fui. Fui-me. Pelas pedras no chão, os
tijolos das calçadas quebradas, a terra no sapato. Me perdi nos caminhos de
minha alma e esquizofrenias desta cabeça insanamente ordinária. Sou sempre
menos do que acho, penso ou imagino. E agora já não reconheço essa pessoa que habita
meu corpo, usa minha voz e exala meu cheiro. Então me procuro em todos os
lugares que sejam externos ao meu corpo. Porque não sou mais eu. Minha. Chega
de pronomes, não sou objeto direto nem de meus próprios desejos. Agora sou
apenas preposição do que costumava ser. Subordinada a incompreensão. Subunidade
do que almejei. Apenas uma fração do passado que já me escapa pelos textos.
Troco minha sanidade por um par de vírgulas.
quinta-feira, 3 de maio de 2012
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