quarta-feira, 6 de maio de 2009

sabor de açai

Nunca te amei, essa é a verdade (nua e crua). Nunca amei ninguém. Apenas algumas paixões fugazes, outras nem tanto. Mas eu me lembro de você. E de nós. E daquele beijo com gosto de açaí. Odeio açaí. Lembro das brigas, das lágrimas e das verdades. Da tarde de chuva, sozinha. Da piscina. Da tarde de sábado. Dos telefonemas que pararam rápido. Você partindo. Eu partindo. Alguém estava sempre abandonando o barco. Não estava destinado a dar certo. Ou melhor, estava. Estava demais, e por isso tinha sempre alguém que não queria. Que sabotava. Ora eu, ora você. Fomos idiotas? Talvez. Eu não queria que tivesse dado certo. Ou queria demais, já nem sei. Lembro do primeiro beijo, mas não do último. Ou lembro? Eu partindo. Eu partindo de novo. Nos partimos. Ao meio. Aos pedaços. Não recolho, deixo no chão e vou embora. Eu chorando ao telefone e você perguntando “Você está melhor?”. Estou? Com você sempre estou. Nós dois olhando o rio. Tentando de novo. De novo. E de novo. O telefone tocando. Tarde de outubro. Está melhor? Com você nunca estou. Você dormindo, do meu lado. Teu rosto encostado no meu ombro. Primeiro amor? Talvez. Acho que não. A verdade é que eu nunca te amei. Mas você sempre esteve em mim, infelizmente.

2 comentários:

Clara Campelo disse...

"Eu partindo de novo. Nos partimos. Ao meio. Aos pedaços."
ADOREI isso :D

JAMES FERNANDES disse...

Adorei tudo isso! É simplesmente DEMAIS!.