quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

para meu menino grande

Apertou-me em seu abraço e eu encolhi, como nunca havia encolhido antes – ou se tinha, já não me lembro mais – e naquele afago tão doce e apertado fui criança de novo. Pela última vez. Deixando que a inocência fosse embora em seus últimos rastros. Assassinado. Secou-me as lagrimas, com cuidado e devagar, quase que com medo de me machucar. Apertou minha mão, murmurando bem baixinho palavras de consolo e carinho. “Essas coisas acontecem” ele dizia. Eu tentava acreditar. Eu queria acreditar. Engolia minhas meias verdades e sucumbiam naquela tristeza que tentava esconder. Das lagrimas que não havia derramado, e me sentia mal por isso, mas que após aquele abraço soube, sempre estiveram ali, bem escondidas. Só não tinham coragem de sair. “Essas coisas acontecem” ele dizia, e eu me apertava ainda mais em seu abraço, tentando voltar a ser a criança que não era mais. Nunca mais seria. Outro dia li, “Nascer é como receber o mundo de presente”. Se for assim, o meu eu já destruí de fumaças e buracos na camada de ozônio. Meu mundo só tem buracos agora. Eu chorei, todas as angustias da alma, as dúvidas e culpas. Crimes e castigos. “Essas coisas acontecem” ele dizia. Eu sobrevivo no seu abraço.

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