quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Histórias de Minhas Putas Virgens

[...]

- Sou uma puta.
- Mas como pode ser puta se é virgem?
- Tenho alma. Alma promiscua e suja. Quero ser pura, virgem, limpa e boa. Mas sou puta, como a mais vagabunda de todas as prostitutas. Morro, mato e fodo, todos os dias com meus sentimentos. Me maltrato, cortando cada pedaço. Não sou puta dos outros, para os outros, com os outros. Sou puta pra mim, filha da puta desgraçada que se fere para sentir o gosto do sangue nos lábios. Posso não andar em becos, nem fazer chupeta, não dou o cu nem a buceta. Mas sou puta. Minha alma é cheia de imperfeições e depravações. Sou virgem e pura de corpo, esse aí está limpo e ninguem nunca tocou. Mas a alma, essa já está arrombada. quero a violência de não dormi sozinha, as dores de um abraço perdido , parado no espaço, entre tantas brigas, palavras, choros e magoas. Quero a violência de saber quem sou, do que posso e não posso. As amarguras de ter certezas, e não dúvidas. A beleza de não ser puta, suja, nua, imunda.


[...]

(pag 135 de um livro não publicado, não escrito e não editado)

Um comentário:

Roberta Pio disse...

O corpo é puro. A alma é imoral. Se um dia essa peça da Clarice Niskier for ao Acre ou se você tiver a oportunidade de vê-la em outro lugar, NÃO PERCA.